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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Rosa dos Ventos capítulo 2

                       Eu irei ter que limpar todos os armários da minha escola. O diretor queria me expulsar, mas meu padrasto consegue ser muito persuasivo. Então eu consegui escapar com uma detenção, uma advertência e irei ter que limpar todos os armários da minha escola por um mês. Demais.
                       Mas não é só isso. Eu vou ter de limpar os armários junto com Roland Black.
                       Roland morava na minha casa. Tá, na verdade ele não mora na minha casa, mas  a casa dele é no meu quintal. O pai dele é o caseiro que trabalha na minha casa. Meus padrastos gostam muito dele, e eu também. Ele é um senhor muito legal e simpático. Mas o filho dele é meio estranho. Ele nunca fala com ninguém, além de ser pobre, um dos maiores crimes aqui na nossa escola. Apesar de ser bonito, com seus cabelos lisos negros como a noite e olhos cinza- claros. Roland é realmente muito bonito, mas eu já ouvi minhas amigas falando que antes de eu chegar aqui ele já tinha sido preso três vezes por tráfico de drogas. Resumindo, eu tento evitar ele o máximo possível, apesar de nós sairmos pra escola quase ao mesmo tempo, eu com meu BMW prata e ele com um Ford simples. É um contraste que chega até a ser engraçado.
                    Eu estava brisando durante a aula de história, quando eu me assustei com a campainha que avisava do fim das aulas do dia. Bem, pelo menos para todas as pessoas que não espancaram meninas na educação física. Pra mim avisava o começo do trabalho manual intenso e inútil. Afinal, nós não pagávamos os funcionários para isso? Eu realmente estava fula da vida.
                    Peguei os meus materiais e enfiei na minha bolsa Marc Jacobs púrpura e fui ao meu armário para guardá-la e esperar pelas ordens da vice-diretora.
                    Caminhei pelos corredores ao ar-livre da minha escola. Quando eu cheguei aqui, no meu primeiro dia de aula, fiquei surpresa com a magnitude dos cinco prédios de calcário branco com roseiras de todas as cores que você imaginar. No Brasil, não existem escolas desse jeito, com tudo quanto é tipo de flores, e grandes campos verdes com fontes de água cristalina espalhadas pelo território. Sem contar os caras. Eu só pensei UAU! Quando entrei pelo portão da frente e todos aqueles gatos olharam para mim. Devo dizer que é meio enjoativo, pois só tem surfistas loiros dos olhos azuis. E também sou obrigada a admitir que fiquei boquiaberta quando vi Roland pela primeira vez. Gosto mais de caras com o contraste cabelo-escuro-e-olhos-claros menos bombados do que os vários surfistas que me deram mole no caminho entre o portão e o meu armário. Mas nem tudo é perfeito não é?
                     Quando cheguei no meu armário, Stela e Marin já estavam á minha espera. Stela é uma loira (quase todo mundo aqui é loiro) e tem olhos azuis. Uma típica americana. Já Marin tem longos cabelos castanho e olhos pretos misteriosos.
                      - E aí, vamos ao shopping hoje á tarde?- Disse Stela.
                      - Não posso, tenho que limpar o eu closet, e vocês sabem que isso não é tarefa fácil. - Sem chance de eu contar á elas sobre a minha tarefa como o menino das drogas, mesmo que seja a escola que esteja me obrigando.
                      - Everest, você está bem? Está faltando a muitas idas ao shopping, e a Stela acha que você pode ter um namorado secreto.- Disse Marin.
                      Stela deu uma cotovelada em Marin murmurando "Psiu". Eu me limitei á rir. Stela era muito paranoica, e Marin fazia um contrapeso com ela. Enquanto Stela era infantil e sensível, Marin tinha um olhar de aço, lutava muitas arts marciais e nunca tinha sido vista chorando.
                      - Marin, eu estou bem. É que a minha madrasta está pegando pesado na limpeza e eu tenho de ajudá-la, porquê ela me acolheu e tal. E Stela, eu não tenho um namorado secreto. Não tenho nem namorado. Desculpem, gente, mas eu realmente preciso ir.
                      Com isso, eu me virei  e dei de cara com a vice-diretora, que me perguntou:
                      - Está pronta para botar a mão na massa?
                      Murmurei um sim e fiz uma carranca.
               
                   

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